Presente póstumo
Quando Antônia acordou no sábado, percebeu que estava tonta e confusa. Olhando para os lados, levou três segundos para entender que estava em um lugar muito estranho. Abriu a porta, caminhou pelo corredor, desceu uma grande escada. Parecia um daqueles casarões antigos. Chegou à sala e rumou até a porta principal. Quando a abriu, sentiu suas pernas amolecerem. O cenário era de um filme antigo. Carros pretos circulando pelas ruas, carroças e carruagens disputando espaço com os automóveis e os pedestres. Um caos surreal. Já tinha visto algo parecido... uma foto da avó. Datava de 1920 e fazia parte do acervo familiar. Ficou parada na porta por algum tempo. Notou que algumas pessoas começaram a lhe observar. Ficaram paradas em frente ao portão da casa que ficava bem próximo à calçada. Fechou a porta por instinto. No hall havia um lindo espelho vitoriano. Contemplou sua imagem, cabelos platinados, boca muito vermelh